Erro de <em>Casting</em>
Incompreendido pelo povo e maltratado pela «rua» o PS buscou no Congresso o apoio e conforto de que carece para legitimar e prosseguir as suas políticas de direita. Verdade se diga que não foi tarefa particularmente difícil. Perante uma plateia dominantemente preenchida por titulares de cargos no aparelho de Estado, pessoal de topo em organismos públicos, quadros de administração em empresas e grupos económicos, deputados e putativos candidatos a deputados, a coisa ao que consta não correu mal. É certo que, segundo os relatos, num clima de mornisse e patente falta de entusiasmo, justificáveis provavelmente pela selecta postura dos ouvintes, aqui e ali entrecortado por uns simpáticos meneios da auto proclamada oposição interna ou por uns tímidos e meteóricos reparos que um ou outro militante menos comprometido com a massa governante ousou registar. Deste congresso dois aspectos resultarão como dignos de algum registo.
O primeiro, a esforçada tentativa de construção de uma imagem de esquerda que, — malgrado a preventiva referência aos encómios «moderna e democrática» não fosse o pessoal presente, levado por injustificado entusiasmo, confundir com esquerda-esquerda — não terá sido integralmente capaz de convencer uma plateia predominantemente desconfiada do termo. Nada que deva desmoralizar o empenho posto por uma conhecida realizadora para levar à tela tão exigente argumento sabendo-se que, terminada as referências a Salgueiro Maia e à revolução de Abril, os protagonistas que se lhe seguiram na tela – de Soares a Guterres – constituíam manifesto erro de casting para o enredo pretendido.
O segundo, o exercício de legitimação das políticas de direita que, do primeiro-ministro a cada um dos seus ministros, procuraram obter de um congresso que pouco mais terá sido do que renovado caucionamento da ofensiva contra os direitos e as conquistas sociais que o governo do PS tem em curso. Tudo espremido, de substancial o país ficou a saber com o que pode contar: com o prosseguimento da ofensiva anti-social do governo, com a acentuação das políticas de direita, com o continuado agravamento das condições de vida do povo, com novas oportunidades dadas à direita e aos seus objectivos de que são exemplo as garantias dadas por Sócrates em matéria de IVG.
Arredadas as encenações do costume e corrido o pano sobre a estreia cinematográfica com que os congressistas foram brindados, bem se pode dizer que as próximas cenas do filme do costume – as da política de direita – todos e cada um de nós as poderá encontrar bem perto de si. Como não menos certo será que, passado o congresso e o reconfortante ambiente aí vivido, o governo voltará a encontrar-se com o país real e com a onda de indignação, descontentamento e protesto que as suas políticas provocam e avolumam.
O primeiro, a esforçada tentativa de construção de uma imagem de esquerda que, — malgrado a preventiva referência aos encómios «moderna e democrática» não fosse o pessoal presente, levado por injustificado entusiasmo, confundir com esquerda-esquerda — não terá sido integralmente capaz de convencer uma plateia predominantemente desconfiada do termo. Nada que deva desmoralizar o empenho posto por uma conhecida realizadora para levar à tela tão exigente argumento sabendo-se que, terminada as referências a Salgueiro Maia e à revolução de Abril, os protagonistas que se lhe seguiram na tela – de Soares a Guterres – constituíam manifesto erro de casting para o enredo pretendido.
O segundo, o exercício de legitimação das políticas de direita que, do primeiro-ministro a cada um dos seus ministros, procuraram obter de um congresso que pouco mais terá sido do que renovado caucionamento da ofensiva contra os direitos e as conquistas sociais que o governo do PS tem em curso. Tudo espremido, de substancial o país ficou a saber com o que pode contar: com o prosseguimento da ofensiva anti-social do governo, com a acentuação das políticas de direita, com o continuado agravamento das condições de vida do povo, com novas oportunidades dadas à direita e aos seus objectivos de que são exemplo as garantias dadas por Sócrates em matéria de IVG.
Arredadas as encenações do costume e corrido o pano sobre a estreia cinematográfica com que os congressistas foram brindados, bem se pode dizer que as próximas cenas do filme do costume – as da política de direita – todos e cada um de nós as poderá encontrar bem perto de si. Como não menos certo será que, passado o congresso e o reconfortante ambiente aí vivido, o governo voltará a encontrar-se com o país real e com a onda de indignação, descontentamento e protesto que as suas políticas provocam e avolumam.